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REPRESENTAÇÕES DA INDEPENDÊNCIA

Monumento à Independência (V, I, II, III, IV), 2021-2022. 

Bordado sobre cetim

87 cm x 130 cm (cada). 


 

"Três símbolos são a base para a identificação da nação: seu hino, sua bandeira e seu brasão. No caso do Brasil, apesar de ter passado por modificações ao longo dos 200 anos de sua existência, certos elementos foram mantidos na bandeira: as cores verde e amarelo, as estrelas e as formas geométricas do quadrado e losango. A primeira bandeira do país foi elaborada por Debret, a pedido de D.Pedro I. Durante o Império, sofreu algumas alterações, mas sua base se manteve. Com a República, surgiram propostas de bandeira e, ao final, decidiu-se pela imagem que conhecemos, que teve sua última alteração em 1992 com a inclusão dos estados de Amapá, Roraima, Rondônia e Tocantins. Seguimos com cores que não simbolizam nossas matas ou rios límpidos, e sim as cores das casas reais de quem comandava o país durante o ano de 1822. Então, o que simboliza a bandeira? Uma real Independência ou a perpetuação de valores que incluem diferenças sociais e fortalecimento de elites já privilegiadas?

Atualmente vemos que a liberdade e o direito de existir não são iguais para todos os brasileiros, por mais que a constituição tente garanti-los. A segregação e exclusão são frequentes no país e parecem longe de mudar. O privilégio de poucos e o sofrimento de muitos é traduzido nas bandeiras de Wildson.

O artista cria novos significados a partir dos desenhos propostos para simbolizar o país enquanto estandartes. Alguns não saíram do papel, enquanto outros seguiram hasteados em nosso território. A questão bélica, o monopólio da Igreja e dos latifundiários, a tríade BBB (bala, boi e bíblia) tornam-se os novos brasões ou símbolos nas bandeiras criadas pelo artista. Criticando o direito à Independência de poucos, Wildson coloca em evidência a falta de representatividade do coletivo que os símbolos nacionais podem apresentar. Desde a época do Império a bandeira não abarca o coletivo do povo; os indígenas, os negros e mulheres não estavam representados naquelas cores, ou por aqueles símbolos reais. A liberdade nunca foi adquirida, seguimos atrás de grades reais ou metafóricas que nos aprisionam e nos afastam de uma prometida independência. Os que gozam de tal direito seguem fazendo suas juras aos seus símbolos, às suas bandeiras. Pequenas alterações podem causar comoção, especialmente em símbolos dados como intocáveis. Ao transformar as bandeiras da nação, o artista reafirma as disparidades de Independência e direitos que vemos cotidianamente ocorrer, seja do nosso lado ou nas páginas de jornal." 

Texto presente no livro "Representações da Independência"  . O Livro faz uma abordagem crítica entre arte e história através de trabalhos de  artistas como  Debret, Djanira, Di Cavalcanti, Denilson Baniwa , Paulo Nazareth , Hal Wildson e Marcela Cantuária.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quais as representações da Independência?

Quais personagens foram enaltecidos e quais foram relegados a um apagamento histórico?

A pesquisa apresentada no livro passa por três períodos marcantes, 1822, 1922 e 2022, para discutir as imagens criadas sobre o marco histórico.

Apropriando-nos da celebração do Bicentenário da Independência do Brasil como oportunidade de refletir sobre a iconografia produzida sobre o tema ao longo desses duzentos anos, temos o prazer de apresentar a publicação 'Representações da Independência'.

Pretendemos com essa publicação oferecer uma visão abrangente das representações visuais da jornada histórica que culminou na liberdade do Brasil e sua ruptura política em relação ao Império português. Investigando uma ampla gama de fontes iconográficas, desde pinturas e gravuras até esculturas e monumentos públicos, as autoras exploram como a iconografia da independência foi concebida, propagada e reinterpretada ao longo dos últimos dois séculos.

Essa análise não apenas desvenda as narrativas visuais que moldaram nossa percepção coletiva desse marco histórico, mas também lança luz sobre as ideologias, simbolismos e memórias que permeiam essa tradição artística.

O livro é resultado de um esforço coletivo de pesquisa e não seria possível sem a cessão das imagens pelas instituições e famílias dos artistas cujas obras aqui estão reproduzidas. Tampouco seria possível sem o financiamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro através do edital Retomada Cultural RJ 2. O livro virtual possui distribuição gratuita. 

 

 

 

 

 

 

 


 

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