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Série: Singularidades

Singularidades 
 

O quê nos determina como povo? Nosso  '’documento de existência'’ é um CPF, um RG ou uma impressão digital? O que nos identifica são as nossas diferenças? A nossa impressão digital está em destaque nos documentos pessoais e nos serve como um carimbo singular da nossa existência na sociedade,  a digital carrega características únicas da nossa singularidade e é utilizada como  documento de identificação. Mas, como “povo brasileiro” qual a nossa marca? O que nos identifica como marca intrínseca do Brasil? São essas questões que alicerçam essa pesquisa, os signos da memória e identidade se cruzam na medida em que se complementam e se constroem, nesse trabalho é possível  ver a construção imagética dessa ponte simbólica. Não existe identidade  sem memória, o brasileiro é fruto de sua memória e o povo é a 'impressão digital' de seu país. O que nos determina como Brasil é o povo Brasileiro, nossas singularidades são múltiplas, somos um Brasil feito de “Brasis”, Brasil que resiste à tantos projetos de esquecimento e que luta para existir sob à força da memória e ancestralidade.  

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Como Resistir aos Esquecimento?
 

"Como um quadro de papiloscopia, Singularidades (2022) reúne sobre o suporte 441 impressões digitais. As digitais são desenhos particulares encontrados nas papilas dos dedos das mãos e singularizam e identificam cada um dos seres humanos. No caso do trabalho de Hal Wildson, trata-se de sua própria digital – fixada durante o processo de construir imagens por meio da datilografia – misturada com imagens fotográficas documentais pertencentes a arquivos públicos. Na verdade, cada impressão digital da obra é um retrato que funde uma informação oriunda do corpo do artista com a imagem de outra pessoa, é um encontro, uma conversa ficcional do artista com os retratados, aqueles que formam o alicerce do povo brasileiro, que estão na base da pirâmide social, o extrato mais rebaixado dos trabalhadores, afrodescendentes e indígenas, mestiços de toda sorte, os que foram chamados de párias, vadios, pés-rapados, Zé-ninguém, sem-eira-nem-beira, sujeitos à exploração da força de trabalho, relegados às periferias, condenados à exclusão e à opressão. " (Divino Sobral)

Mulheres de Terra e Água
 

Mulheres de terra e água nos apresenta e nos oferece uma série de depoimentos de mulheres de diversas regiões, etnias e matizes — mulheres quilombolas, ribeirinhas, indígenas, ativistas. São parteiras, tecelãs, benzedeiras, cozinheiras, plantadeiras, artesãs, artistas, mestres dos cantos e das danças, senhoras da vida, da cura e da devoção, portadoras de técnicas centenárias de fazeres e labores. Mais velhas e mais novas, mães, filhas, avós. Senhoras do corpo, senhoras do bem, senhoras da voz. No relato de suas experiências vividas se entrecruzam inúmeras atividades e diversos ofícios que exercem em suas comunidades, nos quais cumprem um efetivo papel de liderança, executando funções imemoriais, irradiando conhecimentos. No ressoo de suas vozes, no plantio das terras, na defesa de suas tradições e territórios, de seu patrimônio material e imaterial, na resistência às invasões e apropriações indevidas, na preservação de sua cultura e bens simbólicos, no papel professoral de difusão, domínio e passagem dos saberes capturamos a nobreza e extensão de suas labutas cotidianas. Acompanhamos seus sobressaltos, suas lutas e insurgências, assim como suas ações, conquistas e sua resiliência.

— Leda Maria Martins, no posfácio

 

Em 2021 Hal Wildson foi convidado pela organizadora do livro Lucila Losito para contribuir com sua série Singularidades. Todas as autoras do livro foram retratadas pelo artista, os retratos integram o livro publicado pela Editora Elefante.  

Bienal das Amazônias
 

Em montagem inédita para a Bienal das Amazônias a obra "Singularidades" tomou forma monumental ao reunir mais de 2300 datilogramas. Fruto de  4 anos de trabalho a obra é resultado de um estudo profundo sobre memória e esquecimento na construção e formação do povo Brasileiro. 

"Território Amazônia. Lugar cujos limites ultrapassam fronteiras entre países irmãos. Índios, negros, latinos: Amazônidas. Uma única floresta. Múltiplos sons. Idiomas. Gambiarra fulgurante de cores vibrantes e traços indígenas a percorrer rios que desbravam paisagens intocadas, vilarejos, cidades, megalópoles. Um sem fim de povos separados por seus cotidianos e práticas culturais, mas aproximados em seus desafios e sua origem.

É nesse celeiro de riquezas, mistérios e importante contexto geopolítico e cultural, que acontecerá, em 2023, em Belém, no Pará, a  Bienal das Amazônias. Uma ação pensada e desenvolvida por artistas, produtores e criadores que vivem a Amazônia, com o objetivo de provocar o habitante da região a se ver e se mostrar, não apenas através da contemplação, mas da reflexão contextualizada, afirmando sua identidade plural.

 

As Amazônias e as artes, ambas igualmente cercadas de mistérios, prometem um rico panorama da sua produção contemporânea."Texto site/ Bienal das Amazônias. 

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