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Série: Re-Utopya

Reflorestar Nossa Gente

 

 

                                                                                                                             

REFLORESTAR NOSSA GENTE,

DA SÉRIE: RE-UTOPYA. 

 

          A bandeira Re-Utopya elaborada  em cetim  é hasteada pelo artista Hal Wildson no tronco de uma árvore no Parque da Independência, na cidade de São Paulo, local onde simbolicamente foi proclamada a independência.  “Nele a imagem foca a bandeira flamulando ao vento contra a paisagem desfocada ao fundo, enquanto vozes de algumas pessoas próximas ao artista, captadas em ambiente doméstico, falam de sonhos e de planos utópicos, tendo destaque a questão indígena no Brasil. A utopia do artista refletida na do outro é um modo de reviver a utopia coletiva, ancestralmente vivenciada e hodiernamente necessária. (...) A ideia de reflorestamento responde criticamente ao desmatamento provocado já desde o início da colonização no ciclo do pau-Brasil, e agravado agora pela noção equivocada de desenvolvimento decorrente da expansão do agronegócio e da mineração, atrelada ao desrespeito às leis de proteção ambiental.” Divino Sobral


      A  bandeira Re-Utopya foi criada a partir de um desdobramento de um sonho que Hal Wildson teve enquanto residia durante a pandemia na região da aldeia Rio Silveira (São Senastião), da etnia guarani mbyá no qual o artista reflete sobre a temporalidade, memória e projeto de futuro.

 

Re-Florestar Nossa Gente
2022
Vídeo arte [Video art]
8’24”
 

 

 

 

Cópia de obra_ Re-Florestar , dimensão 45 x32cm, ano 2022 (1).jpeg

 

 

                                                                                                                             

Re-Florestar Utopya

Acrílica e nanquim sobre impressão fotográfica

em pigmento mineral
2022

"Levei a bandeira “Re-Utopya”  para o Parque da Independência, esse lugar onde simbolicamente foi proclamada a Independência do Brasil, às margens do Ipiranga. Hasteei a bandeira em uma árvore, fotografei e filmei ao longo do dia. Depois fiz intervenções em nanquim, desenhando raízes em preto e vermelho, mais uma vez fazendo analogia ao “teko porã e ubuntu”. 
Quem sabe são essas raízes que podem transformar o Brasil em um país mais justo, baseado nessas filosofias e não em ordem e progresso?" Hal Wildson em entrevista para O Globo.

 

 

 

Reflorestar Utopya
 

Na primavera de 2021, após um longo dia na aldeia Rio Silveira, localizada na cidade de São Sebastião - SP, região onde o artista residia, Hal sonha com a palavra “Re-Utopya”, com base nas filosofias que aprendeu ali: “Teko-porã” e “Ubuntu”. A palavra escrita com dendê e urucum substituia o slogan positivista “Ordem e Progresso”. Do sonho nasce a sua pesquisa artística  “Re-Utopya para Pindorama: Teko porã e Ubuntu".

 

A palavra Re-Utopya suscita reconstrução, reescrita, reinvenção dessa ideia de utopia mitológicamente inalcansável. Diferente de uma utopia nunca alcançada, a Re-Utopya é a construção de uma ponte no presente sustentada pelo poder da ancestralidade, com a força da memória lutar pelo poder simbólico , pelo poder das narrativas, pelo pdoer de levantar uma bandeira que represente um projeto mais justo de país. 

"Grande Hal. Uma estrela que aparece no céu da República num momento crucial de nossa democracia a beira do Abismo" Paulo Herkenhoff sobre a exposição Re-Utopya, 2022.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Re-Utopya!
 

"Aliás, é a bandeira republicana o mote do ensaio visual que ilustra a capa deste mês, com a fotoperformance Re-utopya, de Hal Wildson. Ele é um dos 15 artistas desse curto recorte feito a partir de pesquisa e curadoria da jornalista Olívia Mindêlo, com obras que revisitam o maior dos símbolos nacionais. São provocações visuais que desestabilizam nosso imaginário, convocando os olhares a novas interpretações sobre quem somos e quem queremos ser como nação." Trecho da Matéria de Capa na REVISTA CONTINENTE/ set de 2022. A fotoperformance "Estrada para Pindorama" foi Capa da Edição.

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Brava Gente! O Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência
 

No Carnaval de 2023 a Escola de Samba  Beija-Flor foi eleita a melhor escola do Grupo Especial, pelo júri do Estandarte de Ouro deste ano.    O desfile, desenvolvido pelos carnavalescos Alexandre Louzada e André Rodrigues, foi um grande "ato cívico" pelo protagonismo do povo brasileiro.

A azul e branco levou para a avenida o enredo "Brava Gente! O grito dos excluídos do bicentenário da Independência", em que levou críticas sociais ao falar do 2 de julho, data em que é celebrada a Independência do Brasil na Bahia, que completa 200 anos em 2023. Na comissão de frente, foram usados drones e feitas projeções de imagens e frases como "Independência pra quem?", "Heroico é o brasileiro", e '"Parem de nos matar".

A Bandeira Re-Utopya abre a Ala "Futuro Ancestral" transformando o desfile em um cortejo de Bandeiras Reimaginadas por artistas como: Abdias do Nascimento, Rosana Paulino, Mulambo, Jefferson Medeiros, Aline Bispo , Matheus Ribs e outros artistas contemporaneos.

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Teko Porã e Ubuntu
 

"Na obra intitulada Re-Utopya para Pindorama (2022), Hal Wildson se apropria da estrutura visual de um estandarte representado em um cartaz comemorativo à abolição da escravatura, datado de 1888. Posicionado no centro do cartaz, o estandarte ostenta o Brasão Imperial legendado pela referência à Lei Áurea e integra a ilustração de um pacto social nunca efetivado no Brasil. Ao recriar o estandarte usando a técnica do bordado, ele enfatiza a qualidade fantasiosa da narrativa construída para minimizar os efeitos da escravidão, na tentativa de esconder a gravidade de suas marcas, e também simula um estandarte oficial, com estética nacionalista, que ostenta os nomes das filosofias ancestrais Teko Porã e Ubuntu escritos abaixo da bandeira Re-Utopya.

           Alguns trabalhos de Hal Wildson integram a disputa de narrativas em torno dos símbolos nacionais, que atualmente mobiliza os debates políticos. A bandeira republicana fora editada sobre a mesma estrutura da bandeira imperial projetada por Jean-Baptiste Debret (1768–1848). No centro do losango amarelo foi inserida a esfera azul constelada de estrelas brancas, e sobre ela se estendeu a faixa branca com o lema positivista bordado com linha de cor verde, no qual se lê “ordem e progresso”. É preciso destacar que no governo republicano, desde o início até o presente, a ordem é manobrada para manter o povo sob controle e impedir a convulsão social, e o progresso, carro-chefe da modernização, é destinado a sustentar a riqueza das elites econômicas.

 

            Para Hal Wildson, diante da constatação da ruína da sociedade se impõe a necessidade de reinvenção de uma utopia para o Brasil, que abra perspectiva de futura superação dos conflitos estruturais, vindos de sua herança colonial e determinantes da condição de subdesenvolvimento que afeta grande parte da população. Uma utopia que primeiramente permita resistir às forças dominadoras, que asseguram a ordem sobre os pequenos para garantir o domínio dos grandes. Hal Wildson insere seu pensamento crítico alterando o elemento verbal da Bandeira Nacional, substituindo o lema positivista pela palavra “Re-Utopya”, que carrega em si o humanismo das filosofias Teko Porã e Ubuntu, assim ele nomeia a vontade transformadora de justiça social buscada na ancestralidade e no sentido igualitário do conjunto social." Fragmento do Texto "Hal Wildson e a Utopia Brasileira" de Divino Sobral

O  Estandarte Teko Porã e Ubuntu ( Bordado sobre oxford) integra o acervo do Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro.
 

Re-Utopya Hal Wildson detalhe
Re-Utopya Hal Wildson
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